Seminário “A Diferença Somos Nós” conta com 200 participantes de todo o distrito



A Associação Famílias realizou ontem à tarde, no auditório do Instituto Português da Juventude (Braga), o Seminário intitulado “A Diferença Somos Nós”. O evento foi organizado pelo Projecto Sinergias, promovido pela Associação Famílias e financiado pelo Programa Operacional Potencial Humano e Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, no âmbito da tipologia 7.3 de Apoio Técnico e Financeiro às Organizações Não Governamentais. O Seminário contou com a presença de 200 participantes, provenientes de diversos concelhos do distrito de Braga, nomeadamente representantes de instituições particulares de solidariedade social, autarcas e comunidade em geral. A abertura do Seminário foi realizada por Rosa Oliveira, representante da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) do Norte que explicou aos presentes o papel da CIG na execução das políticas públicas no âmbito da cidadania e da promoção e defesa da igualdade de género. Rosa Oliveira referiu que são diversas as atribuições da CIG, salientando o apoio à elaboração da política global e sectorial com incidência na promoção da cidadania e da igualdade de género e participação na sua execução; a elaboração de propostas normativas e pareceres nos domínios transversalizados da educação para a cidadania, da igualdade e não discriminação entre homens e mulheres, da protecção da maternidade e da paternidade, da conciliação da vida profissional, pessoal e familiar de mulheres e homens e do combate às formas de violência de género e de apoio às vitimas. Estas são, pois, algumas das atribuições da CIG, um Organismo essencial na promoção da cidadania e da igualdade de género. Seguidamente, Carlos Aguiar Gomes, Presidente da Direcção da Associação Famílias, sublinhou o empenho que a Instituição tem tido na promoção de acções que visam o alcance da igualdade de género, especificamente em matéria de conciliação entre a vida familiar e profissional e na sensibilização para uma maior participação do homem na esfera privada, designadamente no gozo da licença de paternidade a que tem direito, na realização de tarefas domésticas, na prestação de cuidados de puericultura aos filhos, no envolvimento no processo de ensino-aprendizagem dos filhos, entre outros aspectos essenciais que integram a dinâmica familiar. O Presidente da Associação Famílias sublinhou o imprescindível apoio prestado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, o qual permite ter uma equipa jovem e multidisciplinar que, em articulação com as Instituições públicas e privadas, regionais e nacionais, tem contribuído para efectivar o princípio da igualdade de género. Por fim, destacou o papel do Projecto Sinergias na sensibilização da opinião pública, para o direito à igualdade entre homens e mulheres, assim como no fomento do debate em torno da violência doméstica, de modo a minimizar este fenómeno que afecta sobretudo os mais frágeis emocional, social ou fisicamente. Alfredo Cardoso, Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Braga, salientou o papel da autarquia na promoção da igualdade entre todos os bracarenses, alertando para a necessidade de intervir sobre as discriminações em função da idade, assim como da população portadora de deficiência. Benedita Aguiar apresentou um resumo das acções levadas a cabo no âmbito do Projecto Sinergias, tendo destacado a colaboração de figuras mediáticas no âmbito das acções de sensibilização realizadas, nomeadamente de Jorge Gabriel (Programa Praça da Alegria), da actriz Mariana Monteiro, da banda musical Irmãos Verdades e de figuras reconhecidas da comunidade científica, como é o caso de Júlio Machado Vaz, Manuel Damas, António Machado e Moura, Fernando Póvoas, Arnaldo Saraiva, entre outros. Benedita Aguiar referiu que “o Projecto Sinergias tem sido abraçado por toda a comunidade de uma forma muito especial, destacando-se um envolvimento notório de figuras mediáticas, o que assume uma importância preponderante, pois aquelas figuras constituem «modelos» para muitas pessoas e, ao combaterem a violência doméstica, podem ter um impacto maior na reestruturação cognitiva e comportamental destas últimas”. Benedita Aguiar destacou ainda “a excelente cobertura dada pela RTP, assim como pelo Jornal Diário do Minho, um jornal de referência na Região Norte”. Revelou ainda que o Projecto colaborou com diversas instituições, designadamente com o Estabelecimento Prisional de Bragança, a Organização Sindical CGTP e brevemente irá encetar uma colaboração com o Estabelecimento Prisional de Braga. Manuela Marinho, Especialista em Questões de Género, sublinhou a importância dos fundos comunitários, na mudança de paradigma em matéria de igualdade de género, uma variável que sofreu evoluções muito significativas nos últimos anos. Manuela Marinho frisou, igualmente, o contributo das orientações nacionais e internacionais, assim como a importância das intervenções multidisciplinares e multidimensionais que, abrangendo todas as esferas da vida, permitiram o desenvolvimento de uma cidadania activa. A Especialista alertou para a necessidade das intervenções “mexerem com a cabeça e com o coração das pessoas”, para que assim possa haver alterações atitudinais e comportamentais em matéria de igualdade de género. Por último, é de registar a intervenção de António Magalhães, doutorado em Estudos de Política e docente da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Com o objectivo de repensar as "políticas da diferença" à luz das mudanças promovidas pelas chamadas Sociedade e Economia do Conhecimento, António Magalhães, colocou sob a égide do conceito da diferença e da preocupação da política enquanto forma de gerir, através da utilização do saber-poder, as relações sociais e as reivindicações que provêm de novas formas de cidadania. Apontou, ainda, os modelos de conceptualização e de legitimação da relação com as diferenças, como sendo quatro: o modelo etnocêntrico: o outro é diferente devido ao seu estado de desenvolvimento (cognitivo, social e cultural). O modelo da tolerância: o outro é diferente, mas a sua diferença é lida através de um padrão que reconhece essa diferença como legítima e, assim, a ser tolerada. O modelo da generosidade: o outro é diferente e essa diferença é assumida como uma construção do próprio Ocidente. O modelo relacional: o outro é diferente mas ‘nós’ também somos! A diferença reside na relação entre diferentes, salientou. No encerramento do seminário, Daniela Monteiro, Técnica do Projecto Sinergias, referiu que a dinâmica do mesmo, com forte carga mediática, “só tem sido possível devido ao apoio incondicional da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, enquanto Organismo Intermédio no seio do Programa Operacional Potencial Humano”. Aquele Organismo, para além do apoio financeiro, “tem disponibilizado um manancial de meios, designadamente bibliografia, que permitem enriquecer as intervenções realizadas e os recursos didácticos produzidos”, terminou.

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